Infelizmente, vivemos tempos sombrios e difíceis no Brasil. Executivo, Legislativo e Judiciário não conseguem cumprir o papel de esferas estabilizadoras da ordem nacional, dentro das prerrogativas que cada uma deve exercer. Quem paga a conta é a população brasileira, principalmente a que necessita dos serviços públicos básicos, já que não dispõe de dinheiro para custear educação, saúde e segurança privada.
Temos um Brasil ao avesso, no qual alunos batem em professores, pacientes agridem médicos e pessoas são mortas diariamente até por quem deve protegê-las. Os ricos ficam cada vez mais abastados, enquanto os pobres são tratados como gente de terceira classe, não têm emprego nem onde morar e passam até fome. Trata-se de uma desigualdade econômica e social gritante, perversa e destruidora de sonhos.
Pessoas com mais de 50 anos são alijadas do mercado de trabalho, mesmo com boa formação e experiência comprovada. São tidas como "velhas" na atual conjuntura. Do outro lado estão os jovens, chamados de "inexperientes" e com poucas oportunidades para começar uma carreira e, sobretudo, avançar nela. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), o desemprego no país foi de 12,7%, em média, no trimestre encerrado em maio. O número de desempregados chegou a 13,2 milhões de pessoas no período. Se incluirmos os trabalhadores subocupados e os desalentados, o Brasil alcança em 2018 uma taxa de subutilização da força de trabalho de 24,7%, o que representa 28 milhões de pessoas.
Para o economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marcio Pochmann, "a volta da aplicação do receituário neoliberal pelo governo Temer desde o golpe de 2016, passou a produzir significativa retomada do desmonte do parque industrial brasileiro. Isso é que se pode constatar diante da profusão de exemplos associados à generalizada regressão econômica vislumbrada no complexo de petróleo e gás, na indústria naval, na construção civil e outros." Pochmann vai além e enfatiza: "A continuidade do processo entreguista da nação pelo governo Temer, protagonizado pela privatização do setor produtivo estatal, encontra maior eco com o avanço da desnacionalização da indústria empossada pelo capital privado nacional."
Estamos, também, no Brasil que menospreza os idosos. Aliás, a população brasileira manteve a tendência de envelhecimento dos últimos anos e ganhou 4,8 milhões de idosos desde 2012, superando a marca dos 30,2 milhões em 2017. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a PNAD Contínua, divulgada em abril deste ano pelo IBGE. Em 2012, a população com 60 anos ou mais era de 25,4 milhões. Os 4,8 milhões de novos idosos em cinco anos correspondem a um crescimento de 18% desse grupo etário, que tem se tornado cada vez mais representativo no Brasil. As mulheres são maioria expressiva nesse grupo, com 16,9 milhões (56% dos idosos), enquanto os homens idosos são 13,3 milhões (44% do grupo). Idosos que, com seus salários ainda da ativa e benefícios minguados da aposentadoria, sustentam lares na cidade e no campo. Os estados com maior proporção de idosos são o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro, ambos com 18,6% de suas populações dentro do grupo de 60 anos ou mais.
O mais triste é a falta de perspectiva para o futuro. O que vem pela frente para o Brasil e os brasileiros? Para quem interessa um Brasil ao avesso? A corrupção vai ser enfrentada, superada e ou amenizada pelo Executivo, Legislativo e Judiciário? Quem vamos eleger, em outubro, para governar o país e o Rio Grande do Sul a partir de 2018? São perguntas básicas, mas que impactam a vida de todos nós. Pense nisso.